Doutorando da UFPA recebe Prêmio Jovem Cientista em congresso na Bélgica
No 18th International Leprosy Congress (Congresso Internacional de Hanseníase), ocorrido no mês de setembro, o doutorando em Doenças Tropicais, Josafá Barreto, da Universidade Federal do Pará, recebeu o Prêmio Jovem Cientista pela melhor apresentação oral no tema Epidemiologia e Controle. O evento realizado em Bruxelas, na Bélgica, teve como tema “Hidden challenges” (Desafios Ocultos).
"A premiação é uma consequência de um trabalho feito com muita dedicação, que tem trazido resultados expressivos. Estamos felizes pelo reconhecimento internacional no evento mais importante da área, que contou com 900 participantes de 83 países e mais de 500 trabalhos apresentados. Também é mais uma prova de que, mesmo com todas as barreiras, é possível fazer ciência em nível internacional, aqui, no Pará", afirma Josafá Barreto.
O trabalho - O Estudo"Análise espacial focando na transmissão de hanseníase entre crianças de uma área hiperendêmica da Amazônia Brasileira" foi orientado pelo professor Claudio Salgado, coordenador do Laboratório de Dermato-Imunologia (LDI), onde o estudo foi realizado.
Contatos - Durante a pesquisa, Josafá Barreto, fisioterapeuta e mestre em Doenças Tropicais (NMT/UFPA), juntamente com o professor Claudio Salgado, médico dermatologista e hansenólogo, viajaram para diversos municípios do interior do Pará (Castanhal, Marituba, Paragominas, Breves, Redenção, Parauapebas, Altamira e Oriximiná), com o objetivo de examinar pessoas que foram afetadas pela hanseníase, seus contatos próximos e estudantes da rede pública de ensino fundamental e médio.
O projeto contou com a participação de outros pesquisadores e profissionais da saúde, incluindo médicos, enfermeiras, técnicos de laboratório, alunos de pós-graduação e de iniciação científica da UFPA e os agentes comunitários de saúde dos municípios visitados. Diversas instituições (URE Marcello Candia, Sespa, Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Instituto Lauro de Souza Lima, Colorado State University e Emory University) também colaboraram como o trabalho.
Áreas prioritárias - De acordo com o doutorando, foram realizados exames clínicos dermato-neurológicos, coleta de sangue para sorologia antiPGL-1 e mapeamento dos casos notificados em cada município, bem como dos estudantes examinados, identificando as áreas de maior risco de transmissão e prioritárias para as estratégias de controle.
Prevalência oculta - "Já examinamos, aproximadamente, 5 mil pessoas, e temos detectado uma surpreendente taxa de prevalência oculta de hanseníase entre contatos (6,2%) e, especialmente, entre os estudantes (4%). Nossa estimativa é que, hoje, existam 80 mil jovens estudantes da rede pública com hanseníase, sem diagnóstico no Estado do Pará", afirma Josafá Barreto.
Ainda segundo o professor, os mapas gerados pelo estudo melhoraram o entendimento sobre o padrão espacial e temporal da transmissão da hanseníase nos municípios estudados.
A pesquisa recebeu suporte financeiro de diversas instituições, como Capes; CNPq; DECIT/Ministério da Saúde; Fundação Amazônia Paraense e Order of Marta.
Texto: Brenda Ferreira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Divulgação